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Artigo v4.n2.2025

ENTRE A REALIDADE E A FICÇÃO: UM ESTUDO DA PSICOPATIA EM SERIAL KILLERS A PARTIR DA SÉRIE DEXTER

Roanna Vitória Pereira Sousa
UNDB

Jadson Ramos e Sousa
UNDB

DOI: doi.org/10.56492/issn.27647374.2025n2a2

Palavras chave: Psicopatia. Serial Killers. Mídia. Dexter Morgan. Análise.

RESUMO

A psicopatia é um tema amplamente discutido na mídia e que desperta grande interesse do público, especialmente pela forma como personagens fictícios são construídos para provocar curiosidade e fascínio. Nesse contexto, o presente estudo analisa a representação da psicopatia no personagem Dexter Morgan, da série Dexter (Showtime, 2006-2013), investigando como a ficção televisiva reconstrói, distorce e glamouriza conceitos clínicos associados ao transtorno. A partir de uma abordagem bibliográfica, o trabalho articula referenciais da psicologia forense, com destaque para as contribuições de Cleckley e Hare, com discussões sobre mídia e narrativa seriada, utilizando o modelo da “Televisão Complexa” de Jason Mittell (2015) como base teórica. Os resultados revelam que a obra representa com precisão diversos traços interpessoais e afetivos do Fator 1 da PCL-R, como charme superficial, ausência de empatia e manipulação, aproximando-se parcialmente da descrição clínica da psicopatia. Entretanto, a série suaviza aspectos fundamentais do Fator 2, minimizando impulsividade, irresponsabilidade e comportamento antissocial, ao construir um serial killer disciplinado, seletivo e guiado por uma lógica moral própria expressa no “Código de Harry”. Além disso, a narrativa atribui a Dexter capacidades emocionais incompatíveis com a psicopatia primária, moldando-o como um anti-herói complexo e moralmente ambiguo. Conclui-se que Dexter elabora uma representação híbrida, que combina elementos clínicos reais com idealizações ficcionais, contribuindo para a formação do “psicopata virtuoso” na cultura popular e influenciando a percepção social sobre o transtorno.